quinta-feira, 9 de setembro de 2010

CATARSE -UM NÓ(o que se repete na vida):testemunhando

A VELHA CASA

I
Sim,são criações da minha mente
Por isso,são realidades.
Elas machucam
São feridas da minha alma,que estão começando a cicatrizar,
Foram construídas no passado
No entanto,ainda,impregnam as células do meu corpo
E fazem-no se auto-destruir.
No presente,estas impressões ainda me atormentam.
Agradeço a Deus,ter tido e ter um teto,
e,também,algumas pessoas,sob eles,
que de verdade me amaram.
O que me faz escrever,
é sondar o que está no escuro,para iluminar
e confrontar o que ainda não tive coragem de confrontar.
São situações em que me sinto marginal,
Marginal,no sentido de estar ou ter me sentido à margem,na sociedade.
Cresci na casa de meus avós paternos,
Eles me criaram,com esmero
Suprindo em mim,muitas vezes,o que lhes faltou na vida.
Foram vítimas de vidas sofridas.
Em mim,morar ali me gerou sempre um desconforto,
Nunca senti que podia ali ter o meu espaço,
De privacidade,de intimidade comigo mesma.
Os meus avós tinham fillhos,
Eles entravam e saiam da casa
Com suas famílias,
Mutantes,pela alta rotatividade de conjuges.
Este alto número de pseudo-casamentos
Trouxe um grande número de filhos
Os donos da casa e seus herdeiros.
Eles entravam e saiam,
A cada entrada e saída:
Arrumava-se isto assim,
Para fulano:
É assim que ele se sente bem...
Para beltrano:
As coisas seriam diferentes.
E nestas mudanças,frequentes...
Eu não tinha o meu lugar...
Eu estava ali,
Mas,aquele local não me pertencia:
eu criei esta falsa-crença...e, me sentia mal...
Acreditava na verdade desta mentira.
Criaram uma história,
quando,ainda, muito criança,
na qual acreditei.
Tal história pretendia diminuir meu sofrimento infantil,
difícil de ser assistido por quem me amava;
e ela grudou em mim,
plasmou meu ser.
Diante da minha busca incessante do meu pai,
Em todos os homens:
Se via um,abraçava-o e chamava-o de "pai".
Fruto da ausência e falta que sentia dele,
Acharam de bom tom,dizer:
"Seu pai morreu".
Meu pai havia se bandeado
Para um pseudo-casamento,
com uma nordestina,
com quem criou família,
Teve filhos
E precisou me esconder,
Pois ele precisava
Sustentar um papel de homem honesto e cristão.
Mais uma vez me senti à margem
Marginalizada na família.
A confusão para a minha criança era:
Ser,mas também,não ser da família.
Me sentia meio-orfã,
Que tinha tudo e não tinha nada,
Que me dissesse respeito.
A minha leitura infantil,
No contexto em que vivia,
Eram e não eram
Parentes,família.
E o que reforçava estas dúvidas,
Foram a omissão e o silêncio
De todos:
Os meus irmãos e os familiares da mãe deles
Não poderiam saber que eu existia.
Falavam,falavam,
Com ar de indignação,
mas nenhum movimento
Para mudança do "status quo".
E eu,à margem
Desse conglomerado humano.
Principalmente,pelo preconceito racial;
Minha avó desprezava os chineses
E repetia,repetia isto...
Cresci ouvindo-a nesta infeliz ladainha.






II

Casa da Rua Arari,
Você me acolheu
Com sua sólida estrutura.
Bonitas as suas colunas,
Que nas minhas fantasias,
Me faziam lembrar os templos gregos.
A vista daquela varanda em "L":
Era encantadora...
A Serra do Curral,a cidade subindo montanha acima,
Mesmo depois da devastação da serra pelas mineradoras.
Gostava,para despedir da casa,
de sentar na varanda,
Para ver aproximar um temporal:
Aqui,ainda ensolarado;
só o vento forte no rosto,
A aproximação de espessas plúmbeas núvens...
Mais um tempo: o sol dava lugar a um temporal,
Que invadia a varanda...
Lugar adorado por todos para ficar:
Ali reinava sensação de liberdade;
Os únicos obstáculos à bela paisagem e
à sensação de liberdade,até o belo horizonte
que ali se divisava,eram as duas colunas frontais...
O que a casa não tinha em seu interior
era compensada pela liberdade do continuum varanda -paisagem...
Já no interior da casa, a falta de planejamento,
Um comodo atrás do outro,
Ao entrar na primeira saleta,
já se divisava a porta da cozinha,
através da qual se via o muro que delimitava o terreno,
que a abrigava.
Forte é a lembrança dos meus avós ali,
Minha avó,verbalmente, selou o quarto dela,
como local do seu descanso eterno.
Meus avós foram pais:
eu,"órfã" de pai,
"meio-orfã" de mãe,
Ela tinha que sustentar sua filha,
pois,nada do que tinha economizado lhe sobrou:
seu ex- marido fujão levou suas economias
para começar o seu novo pseudo-casamento.
Este,sim, foi reconhecido,socialmente,como o verdadeiro;
E eu,passei,então, a ser a filha bastarda.
O quintal da casa,abrigava,um barracão,
que na minha memória infantil,
viveu e morreu, a minha querida Fly,
uma cadela policial,
que murchava as orellhas,
fazia uma cara de coitada,
quando eu inventava de sentar sobre ela.
Ah! o porão,
lá morava o meu tio-avô,irmão do meu avô chinês.
Largou a acrobacia,as turnês,
Deixou o seu flexível corpo endurecer.
Para cuidar da minha mãe.
Por ritual chinês,ele foi escolhido
Pai substituto da minha mãe.
Deixou na Alemanha, um casamento acabado
E fillhos crescidos,tomando conta de uma trupe de acrobacia,
Para viajar mundo afora...
E assumiu a missão de cuidar da minha mãe.
Este chinês foi,para mim,um ser de extrema doçura,
Babou por mim,a ponto de ficar bobo...
Fez,sempre, todas as minhas vontades
Me amou muito,
Ele e minha mãe me amaram muito.







III


Uma grande dor me trouxe a localização da casa.
Ela se situava em um bairro,
cuja tradição era o de abrigar bordéis.
Segundo o que meus avós contaram
Meu avô não conhecia Belo Horizonte,
Vinha de Curitiba,
Morou um ano,no Rio;
E apesar das admoestações de minha avó,
Ele comprou a casa,
Sem nela entrar.,
A casa estava cheia de freguezes,
E a responsável pelo bordel
Não o deixou entrar.
Para a minha criança,o que via nas ruas,
Não significava nada...
Só descobri o preconceito que envolvia o local onde morava,
quando, meu avô se viu obrigado a colocar
uma placa com o nome dele e "CIRURGIÃO DENTISTA".
Tocavam a campainha em busca de "lazer".
E,na escola,desde o pré-primário,
onde eu era vítima de caçoada.
A sensação de "ser marginalizado",
Com um toque de vergonha,
Passou a existir,
Quando meus colegas,
Me transformaram,jocosamente,
Em alguém que morava na "zona".
Pior ainda, foi na adolescência,
Além da zoada dos colegas,
Ninguém se dignava a ir até à casa onde morava:
"O que iriam dizer se fossem vistos ali?"
Eu não podia usar um decote ousado,
uma saia mais curta,uma maquiagem mais forte...
Um golpe na minha vaidade...
As gozações me acompanharam sempre,
enquanto lá morei...como tive apelidos...
Alguns faziam parte dos pseudônimos,
encontrados nos Classificados dos jornais...
Alguns,deram desculpas para visitar onde eu morava,
Afim de saber se não exercia outro ofício,
além da medicina...
O namorar me trouxe muitos momentos de constrangimento.
Quando alguém ia me levar para casa,
à noite, eu não sabia onde me esconder,
punha máscara de indiferença ao ambiente;
pois, na esquina da rua, havia uma casa,
Onde as adolescentes,em trajes mínimos,
enchiam kombis,para serem levadas
Para boites,onde trabalhavam como profissionais do sexo
ou fazendo strip-teases.
Isto tornou meu convívio social,
Um martírio,
Algo enraizado desde a infância,
Não recebia pessoas na casa.
Sucumbi a mais essa falsa crença,
Que me fez sentir,
À margem.
Hoje,percebo como acreditei nesta mentira,
A minha razão e o meu discernimento, já,poderiam
Ter
resignificado isto...





IV


Recentemente,visitei uma ex-vizinha,
Que adquiriu alguns móveis,porcelanas e cristais,
Dacasa.
Os objetos,ex-habitantes daquela casa,
a deixaram feliz,orgulhosa das aquisições.
Eram móveis de madeira maciça,
Feitos a mão;
Nenhuma máquina seria capaz de fazer,
Com detalhes,
Aqueles rostos de monstros,
Semelhantes a tigres.
A casa era pequena para aqueles enormes móveis,
O que não permitia a apreciação da riqueza de traços,
destes móveis.
Eu machucava meus dedos
Limpando cada voltinha,
Daqueles contornos de madeira,
Daquela quantidade de móveis...
Estes móveis,assim como cristais e pocelana,
Nunca tiveram grande importância
Para mim.
Eram bonitos,
Representavam trabalhos
De verdadeiros artistas
Na madeira.
Me impressiono,comparando com o que observo em outros,
Quando me dou conta de que não desejei trazer nada comigo,
Quando a casa se desfez,
Após a morte da minha avó.
O mesmo aconteceu com a porcelana tcheca,
os cristais da Bohemia.
Penso,vendo a conduta
Das pessoas que compraram a casa,
E os seus conteúdos,
Que tanto a casa,
quanto os objetos dela,foram por anos,
Objetos de seus desejos,
Que agora se concretizou...






V




O sair da casa foi traumático,
pela desumanidade dos donos herdeiros da casa.
A despedida da casa,a forma como a manifestei,
foi criticada duramente...será que eles tem coração de pedra?
Foi humilhante, a exigência,de ter de assinar documentos,
um, permitindo um desconto não definido,
no valor da parte,previsto para ser recebido,
após a morte do meu pai...Surrealismo puro!
outro,com prazo de entrega do imóvel e pertences dele.
O pior,eu me neguei a estar presente,
no dia da entrega de tudo,
pois estava nauseada e enojada,
com a atitude mesquinha,
do homem que fez, um rol de tudo o que estava na casa,
para ser conferido pelo irmão dele,com presença de testemunhas.
Parece que documentos foram assinados.
Coloquei "homem",pois por E-mail,
recebi a solicitação,de abrir mão de ter "um pai";
Rompeu relações,definitivamente,comigo.
Escrevi vários E-mails,cartas,telegramas,
Pedindo PERDÃO por um delito,que não sei qual cometi.
Não houve resposta...
Minha mãe recebeu uma carta dele,
Me insultando...me criticando.
Aí, percebi que estava sacramentada
A minha exclusão da família.
Família não se baseia em genética,
mas em amor,confiança,lealdade,amizade,troca...encontros verdadeiros...
Eu sempre o idealizei
Humano,
Mas ele me decepcionou...
Idealizei,pois não sei quem ele é,
Ele é uma incógnita,para mim.










VI

Hoje,
Em nova moradia
Em bairro familiar
Com os meus bichos,que amo.
Minha mãe está comigo,
já com seus 78 anos,
batendo ponto,no serviço,
de quem gostaria de cuidar...
Infelizmente,eu estou muito dependente dela;
Ela sonhou uma velhice tranquila...
Mas a vida pediu
Que as coisas estivessem
como estão...
Assim seja

VII

LADAINHA DO PERDÃO
Senhor JESUS,
Por não responderes a minhas orações como eu desejo...eu te perdôo.
Por todas as dificuldades da minha vida...
Por todas as enfermidades da minha família...
Pelo falecimento de cada um daqueles que amo...



Senhor Jesus,por todas as vezes que eu:
Não te coloquei no centro de minha vida...eu me perdôo.
Usei Teu santo Nome em vão...
Não amei outras pessoas como Tu as amas...
Julguei,condenei,prejudiquei...
Fofoquei, menti,enganei ou dei continuidade a rumores...
Não aceitei ou não respeitei a mim mesma ou a outras pessoas...
Usei linguagem suja,contei piadas impuras...
Abusei do álcool ou das drogas,ou de remédios...
Usei ou promovi o uso de contraceptivos...
....................................................................
Violei qualquer pessoa,física ou sexualmente...


Senhor Jesus,ajuda-me a perdoar à minha mãe,através de um ato da minha vontade:
Por ter me dito que fui um acidente,um peso,um erro...eu perdôo à minha mãe.
Por não me desejar ou me negligenciar...
Por me entregar-me por adoção...
...............................................................
Pormanipular,controlar ou reclamar...
Por julgar,condenar e criticar...
Por ser superprotetora ou interferir...
Por não aceitar meus amigos,...
.............................................................
.............................................................
Por separar-se ou divorciar-se de meu pai...
...............................................................
Por ficar doente ou morrer...


Senhor Jesus,conceda-me a graça de perdoar a meu pai:

Por criticar,envergonhar ou humilhar as pessoas...eu perdôo a meu pai.
Por ser violento ou castigar severamente...
Por abuso emocional ou verbal...
Por abusar do alcool...
.....................................................
Por não dizer:"Eu amo você"...
Por não me proteger...
Por ter casos extraconjugais...
Por abandonar a familia...
Por separar-se ou divorciar-se de minha mãe...
Por casar-se de novo...
Por ficar doente ou morrer...





.............................................................................



Senhor Jesus,eu quero perdoar a meus familiares:

Por interferirem,julgarem,mentirem ou condenarem...eu perdôo meus familiares.
Por não me amarem,aceitarem e respeitarem...
Por maus-tratos verbais,físicos,gestuais...
Por abuso emocional...
Por magoarem a mim ou àqueles que eu amo...




Senhor Jesus,concda-me a habilidade de perdoar aos meus amigos:
Por não me apoiarem ou ajudarem em momentos de deficuldade...eu perdôo aos meus amigos
Por fofocarem ou criticarem...
Por forçarem a fazer coisas que eu não queria...
Por cometerem adultério
Por encorajarem comportamentos pecaminosos...
Por desaparecerem da minha vida...



..................................................................................

:
Senhor Jesus,eu desejo a graça de perdoar à pessoa que mais me magoou:
Àquela a quem eu disse que jamais perdoaria...eu perdôo a essa pessoa.
A pessoa que é mais difícil de perdoar...
A quem eu afirmei que não poderia ´perdoar...
Através de um ato de vontade eu a perdôo:por não me dizer"Sinto muito"...
Por se indiferente ou desinteressada...
Por magoar a mim ou àqueles que eu amo...

CREDO,PAI-NOSSO,3 AVE -MARIAS E GLÓRIA.
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PAPAI,EU TE AMO!
MAMÃE,EU TE AMO!
VOVÓ E VOVÔU SEMPRE VOS AMAREI!







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