terça-feira, 27 de julho de 2010

SOBRE A ATITUDE CRÍTICA- de Bertolt Brecht

A atitude crítica


É para muitos não muito frutífera


Isto porque com sua crítica


Nada conseguem do Estado.


Mas o que neste caso é atitude infrutífera


É apenas uma atitude fraca.Pela crítica armada


Estados podem ser esmagados.



A canalização de um rio


O enxerto de uma árvore


A educação de uma pessoa


A transformação de um Estado


Estes são exemplos de crítica frutífera.


E são também


Exemplos de arte.




PLATÃO E SEU ENTORNO HISTÓRICO

A vida cultural da Grécia antiga desenvolveu-se estreitamente vinculada aos acontecimentos da cidade-Estado,a pólis.
Na lingua grega, pólis era, ao mesmo tempo, uma espressão geográfica e uma expressão política.
Pólis designava tanto o lugar da cidade quanto a população submetida à mesma soberania.
O grego antigo pensava em si mesmo como um cidadão ou como um "animal político".
Platão, sob forte influência do pitagorismo, progressivamente se desliga das posições originariamente socráticas e parte para a formulação de uma filosofia própria.
Definição de "idéia(s)": "Idéias" são formas incorpóreas e transcendentes que seriam modelos dos objetos sensíveis.
"Idéia" é a essência existente em si , independente das coisas e do intelecto humano.
Na Dialética socrática, o objetivo seria o dramático embate das consciências, condição para o autoconhecimento.
A dialética,em Platão, apoia-se em recursos matemáticos,num método impessoal e teórico, que visa aos próprios problemas; pesquisa das interligações entre as idéias, um tipo de "métrica" ou arte das medidas e das proporções."
De Platão:
"...temi perder os olhos da alma se observasse os objetos com os olhos do corpo e se me utilizasse dos sentidos para tocá-los e conhecê-los..."
"...Cheguei à conclusão de que deveria me servir da razão e olhar nela a verdade de todas as coisas..."
"...nem eu próprio aceito sem ressalvas que a observação ideal dos objetos, que é uma observação por imagens, seja melhor que aquela que provém de uma experiência dos fenômenos..."
"...afirmo que o Belo é que torna belas todas aquelas coisas que o são."
"Aquele que se liberta das ilusões e se eleva à visão da realidade é o que pode e deve governar para libertar os outros prisioneiros das sombras: é o filósofo político...que faz de sua sabedoria um instrumento de libertação de consciências e de justiça social..."
"...Ascese ao mundo das idéias é como uma "ascese erótica"(visão socrática); Eros comanda a subida por via da atração que a beleza dos corpos exerce sobre os sentidos e remete, afinal, à contemplação do Belo Supremo, o Belo em si..."
No platonismo, a construção do conhecimento é uma conjugação de intelecto e emoção, de razão e vontade; a episteme é fruto de inteligência e amor.
De Platão:"...de ti dependem as leis da República e as de todo o Estado? Acreditas que um Estado pode subsistir se as suas sentenças legais não tem poder,e o que é mais grave, se os indivíduos as desprezam e aniquilam?"

SÓCRATES E OS SOFISTAS

(do "OS PENSADORES"-Sócrates)

"Sofistas: professores de eloquência que,bem remunerados, se dispunham a ensinar aos jovens atenienses o uso correto e hábil da palavra".
"Os sofistas, designando-se "sábios" traziam uma mensagem contrária às pretensões dos tradicionais filósofos("amigos da sabedoria") - voltaram seu interesse para o plano humano, dos valores morais e políticos."
"O relativismo da sofística:O homem é a medida de todas as coisas, das que são enquanto são e das que não são enquanto não são"(de PROTÁGORAS de ABDERA).
"A moral tradicional e as normas de conduta política pareciam estar ameaçadas pela vaga racionalização trazida pelos sofistas".
"Sócrates prestava primeiro obediência aos ditames de sua própria consciência".
"Os primeiros "Diálogos", justamente designados socráticos terminam sempre sem que se chegue a uma conclusão a respeito do tema debatido."
"Para Sócrates, a meta seria a própria alma do interlocutor,que por meio do debate,seria levada a tomar consciência de sua real situação,depois que se reconhecesse povoada de conceitos mal formulados e obscuros...o absoluto é sua meta e seu ponto de referência, ela pode e deve traçar um itinerário que não conhece limites."
"No cumprimento da missão de que se sente encarregado, Sócrates dialoga - o reencontro consigo mesmo só pode partir da consciência da própria ignorância - essa ignorância, que é um atributo de Sócrates não é geralmente assumida pelas outras pessoas, que se julgam na posse de "verdades".
"A ironia:momento do diálogo em que Sócrates, reafirmando nada saber, força o interlocutor a expor suas opiniões."
" A ironia socrática tem,assim,a função de propiciar uma catarse: uma purificação da alma por via da expulsão das idéias turvas, das ilusões e dos equívocos que distanciavam a alma de si mesma."
"Sócrates escolhia aqueles com os quais a conversa poderia assumir caráter de reconstrução, após o exorcismo(orientado por seu demônio interno:"daimon") propiciado pela ironia.."
"A partir daí, o interlocutor-discípulo é conduzido ao risco de tentar ser ele mesmo, de ele mesmo conceber idéias e de ser ele mesmo a sua própria alma."
"Sócrates, nessa fase, usa o que a pedagogia moderna frequentemente tenta reviver: a chamada MAIÊUTICA ou parturição das idéias, buscando auxiliar as pessoas a ir de encontro a si mesmas e de fazer de si mesmas seu ponto de partida."
"Imbuído de espírito missionário, Sócrates, ao contrário dos sofistas, não cobrava por seu trabalho. Enquanto a atividade pedagógica dos sofistas tinha como consequência política facilitar a ascensão na vida pública daqueles que dispunham de recursos suficientes para pagar suas caras lições(portadores do poder econômico); Sócrates, exercia uma pedagogia em nome do espírito religioso, abria-se a qualquer um que manifestasse situação psicológica favorável à realização do processo de autoconhecimento.Essa forma de seleção dos interlocutores-educandos tornava democratizadora a pedagogia socrática um perigo, pois contrariava os interesses da minoria que detinha o poder da democracia ateniense."
"Demonstrar publicamente que um escravo era capaz, se bem conduzido, pelo processo educativo, de ter acesso às mais importantes e difíceis questões científicas era,sem dúvida, provar que ele era pelo menos igual, em sua alma, a qualquer cidadão."
"Assim,em 399 a.C., a democracia condena-o à morte, ela não apenas o pune: ela se defende."