quarta-feira, 25 de agosto de 2010

NOSTALGIA


"AS FOTOS E CITAÇÕES DESTA COLAGEM DO NOSSO CONVITE DE FORMATURA REPRESENTAM MUITO DO QUE VI E VIVI NO INTERNATO RURAL,NA REGIÃO DE MONTES CLAROS,EM GRÃO MOGOL. ALI, IMPERAVAM A DOENÇA DE CHAGAS E OS BARBEIROS...."
Posted by Picasa

POESIA SERTANEJA e um trecho escrito

"Eu andei nas estradas deste mundo e dele recolhi as cores de minhas inspirações
humanas.
Sou humano feito de retalhos.Retalhos de todos os cantos deste país.
Nas paisagens de minha alma há uma infinidade de sóis
que nascem e se põem,como se cumprissem um ritual
de continuidade alegrada pelo movimento da vida.
Amanheço mineiro,adormeço nordestino.
Tropeço nos sonhos de morar no Norte;descanso na graça de
imaginar-me no Sul; desembarco no encanto de ser
homem do Centro e depois,sem peleja e esforço eu me perco nas estradas
do sem fim.
Eu sou assim. O mundo inteiro cabe dentro de mim."
Pe.Fabio de Melo

de Fabio de Melo,scj:
POESIA SERTANEJA


A vida não perde o prumo
E assim vai seguindo o seu rumo Desliza nos trilhos do tempo
Destrancando as portas do mundo
Florescendo a meta da serra
Dourando de sol nossa terra
A vida não se reserva
Seja inverno ou primavera
Segue o remanso lento
Esse rio imenso que quer chegar
Vai na força da vida que o convida
A nunca parar
Na solidão da terra
A cigarra espera para ver chegar
O dia em que cantará pra misturar a voz
Na voz que a vida tem
A vida nunca desiste
É certo outro dia virá
E assim a semente cresce
O fruto aparece pra confirmar
E a luz que ao nascer da aurora
Despede à noite que dormirá
E a estrela resguarda o brilho pra
Que depois possa rebrilhar
A vida é parto constante
É pátria de todo andante
Quem chega,quem parte,quem fica
Reparte a dor da partida
Em todos os cantos do mundo
Ao nobre e ao vagabundo
A vida sorri generosa
Despertando verso e prosa
Segue o poeta triste
A dor que insiste em resguardar
Cestos de alegrias que se iluminam
De poema e sol
Segue a boiada mansa
Que na estrada avança querendo chegar
E eu vou seguindo a vida
Que vai amansando o meu coração
**************
Posted by Picasa

Duas poesias brechtianas

ELOGIO DO APRENDIZADO

aprenda o mais simples!para aqueles
cuja hora chegou
nunca é tarde demais!
aprenda o ABC;não basta,mas
aprenda!não desanime!
comece! é preciso saber tudo!
você temque assumir o comando!


aprenda, homem do asilo!
aprenda,homem da prisão!
aprenda, mulher na cozinha!
aprenda,ancião
você tem que assumir o comando!
frequente a escola,você que não tem casa!
adquira conhecimento,você que sente frio!
você que tem fome,agarre o livro:é uma arma
você tem que assumir o comando.



não se envergonhe de perguntar,camarada!
não se deixe convencer
veja com seus olhos!
o que não sabe por conta própria
não sabe.
verifique a conta
é você que vai pagar.
ponha o dedo sobre cada item
pergunte:o que é isso?
você tem que assumir o comando
*******************


AOS QUE VIRÃO DEPOIS DE NÓS

I

eu vivo num tempo sem sol

uma linguagem sem malícia é sinal de estupidez,

uma testa sem rugas é sinal de indiferença.

aquele que ri ainda não recebeu a terrível notícia.

,

que tempos são esses,quando

falar sobre árvores é quase um crime.

pois significa silenciar sobre tanta injustiça!

aquele que cruza tranquilamente a rua

já está então inacessível aos amigos

que se encontram necessitados?

é verdade:eu ainda ganho o bastante para viver.

mas acreditem: é por acaso.nada do que eu faço

me dá o direito de comer quando eu tenho fome.

por acaso eu estou sendo poupado(se a minha sorte

me deixa,estou perdido).

me em:come e bebe!fica feliz por teres o que tens!

mas como é que eu posso comer e beber,

se a comida que eu como,eu tiro de quem tem fome?

se o copo de água que eu bebo ,faz falta a quem tem sede?

mas apesar disso,eu continuo comendo e bebendo.

eu queria ser um sábio.

nos livros antigos está escrito o que é a sabedoria:

se manter afastado dos problemas do mundo

e sem medo passar o tempo que se tem para viver na terra;

seguir seu caminho sem violência,

pagar o mal com o bem,

não satisfazer os desejos,mas esquecê-los.

sabedoria é isso!

mas eu não consigo agir assim.

é verdade,eu vivo num tempo sem sol!

II

eu vim para a cidade no tempo da desordem,

quando a fome reinava.

eu vim para o convívio dos homens no tempo da revolta

e me revoltei ao lado deles.

assim se passou o tempo

que me foi dado viver sobre a terra.

eu comi o meu pão no meio das batalhas,

para dormir eu me deitei entre os assassinos.

fiz amor sem muita atenção

e não tive paciência com a natureza.

assim se passou o tempo

que me foi dado viver sobre a terra.

III

vocês,que vão emergir das ondas

em que nós perecemos,

pensem,

quando falarem das nossas fraquezas,

nos tempos sem sol

de que vocês tiveram a sorte de escapar.

nós existíamos através das lutas de classe,

mudando mais seguido de país do que de sapatos,desesperados,

quando só havia injustiça e não havia revolta.

nós sabemos:

o ódio contra a baixeza

também endurece os rostos!

a cólera contra a injustiça

faz a voz ficar rouca.infelizmente nós,

que queríamos preparar o terreno para a amizade,

não pudemos ser,nós mesmos,bons amigos.

mas vocês,quando chegar o tempo

em que o homem seja amigo do homem,

pensem em nós

com um pouco de compreensão.



do pobre b.b.-BERTOLT BRECHT

eu,bertolt brecht,vim das florestas negras.

minha mãe me trouxe para a cidade

quando eu ainda estava em seu ventre.

o frio das florestas permanecerá em mim até minha morte.



nas cidades de cimento me sinto como em casa

desde o princípio

abastecido com os últimos sacramentos:

os jornais,o fumo e a aguardente.

desconfiado,preguiçoso e, afinal,contente.


eu sou gentil com as pessoas.uso chapéu de coco

que é como eles costumam fazer.

eu digo:esses animais tem um cheiro muito esquisito.

e digo:isso não tem importância,eu também tenho.


de manhã me sento na minha cadeira de balanço

em companhia de algumas mulheres.

e observo todas,indiferentes,e lhes digo:

minhas senhoras, não confiem em mim.



de noite reúno outros homens à minha volta.

nós discutimos e nos tratamos por "gentieman"

eles põem os pés em cima das minhas mesas

e dizem: tudo vai melhorar ,e eu

nunca pergunto quando?


de manhã, os abetos mijam na madrugada cinzenta,

e os seus parasitas, os pássaros,começam a gritar.

é então,que na cidade esvazio o meu copo,jogo fora

meu resto de cigarro e vou dormir, inquieto.



raça frívola,nós nos fechamos

nas casas que acreditamos indestrutíveis

(assim nós construímos os altos edifícios da ilha de manhattan

e as antenas compridas que conversam por cima do atlântico)




destas cidades só vai restar o que passa através delas:o vento!

à casa torna o hóspede alegre: ele a esvazia.

nós sabemos que somos provisórios

e que depois de nós não virá nada digno

de ser mencionado.


no dia em que a terra tremer,espero

não abandonar os meus charutos,nem achá-los amargos.

eu,bertolt brecht,que das florestas negras

fui jogado nas cidades de cimento,trazido no ventre de minha mãe.

noutros tempos.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

ELOGIO AO DELÍRIO-em prosa e verso

OBSERVAÇÃO:COLETÂNEA DE ESCRITOS, ENTREGUE E COMPARTILHADA,COMO EXIGÊNCIA DO TÉRMINO DE CURSO F.H.B.III, NA UNIPAZ,CAMPUS BRASÍLIA


DE:JERSEY MERRY W. DE MENDONÇA

-AOS QUE SE PERMITEM DELIRAR
-AOS QUE FICARAM PRESOS EM ALGUMA FASE DO SEU DESENVOLVIMENTO
PESSOAL
-AOS QUE ACREDITAM NA TRANSFORMAÇÃO DO SER
-AOS QUE ACREDITAM NO PROCESSO EVOLUTIVO
-AOS QUE ACREDITAM NA CURA


I


Ria.É carnaval
Tempo de ilusões
Falsa Alegria
Fantasias aos milhões:
Por fora,palhaço
Dentro chora, pierrô sem colombina.



Mulata-carnaval
Desnuda e mostra teu corpo
alucinante,às vezes,até brillhante,
deixa o povo que te aprecia
sair do mundo da ironia
e cair no da alegria.



Ao som de um samba
D'um mestre que é bamba
Seu corpo balança
E não se cansa
Sob o efeito de uma cana
Ganha numa gincana
P'ra arrecadar grana
Para Escola de Samba.








GENTE


II
-Família



Início da vida social:
na família.
Pequeno agrupamento
Que faz crescer conceitos
Dentro da gente.
Com ele,crescem também as censuras,
A repressão,
Não se consegue mais pensar por si próprio
Nem mesmo andar,pois o equilíbrio foi adulterado,
E a pobre da naturalidade,esquecida.




Os anos passam,
A consciência é aguçada
A inteligência cresce,
Vê-se melhor
Defronta-se com outros objetos,outros seres,outros e outras...
Ama-se. Odeia-se.
Passamos a ser donos de todos os sentimentos
Afastamos alguns,
Nos agarramos em outros.
Aquele pequeno agrupamento,tão valorizado pela igreja,
se enche de pó e bolor,
é corroído pela ferrugem,
nos trava,nos acorrenta,
E por mais alto que se peça, aos gritos
com sangue
com lágrimas;

Continua-se carregando o imperialismo que se viveu no ontem
E perpetua-se no agora,
Criamos neuroses,
Ficamos cegos, míopes,daltônicos
o palco está aceso,as cortinas abertas e nós no palco da vida.




Um dia,vislumbra-se a liberdade:
Deglagra-se a guerra;
Ao fim:ou a ruptura do modelo,do papel e mais uma borboleta voa
ou o mesmo...mesmo...mesmo....a mesmice...o mesmo...o mesmo................................






III

-Amiga-



Só.Perdida em sonhos.
Ilusões te povoam
Poucos se encaixam em tua pele
Escorrem por entre teus dedos.




Tu.Amas a vida,transcendes a morte.
Gostas de estruturas céreas
Brancas em meio à neve,
Felizes em meio a espinhos,
Perdidas no escuro,
Que tateiam o sim e o não.




Vai,caminha, pergunta a ti mesma,
ao sol,à chuva,à terra
se querem te dar fecundidade
Para gerar grãos de trigo,para fazeres pães
Para do nada surgir a imensidão
Para dos rios formarem-se oceanos.



Navega.Sem se deixar levar e naufragar
Leva contigo velas e remos,tripulantes.
Não te deixes abater pela falta do amor
do pai
da mãe, da família em geral.




Vai, amamenta o futuro,
Faze crescer o trigo,
Cuida para que o limoeiro floresça,
Dá vida à cêra
Ilumina o teu entorno.
Brilha pequena estrela-serás de primeira grandeza
Afasta de ti as nuvens que te encobrem
Digna-te a brilhar,
Brilha...





IV
(...............)


O UM se desdobrou em DOIS
DOIS se uniram para crescerem e decrescerem.
Se fez noite e dia
Que aquecia e esfriava a terra,
os opostos com seus derivados se uniram
e a Criatividade no seu fluxo trouxe o Caminho.




Do UM derivou o CINCO na lembrança:
o talhar na madeira
a arte através da plasticidade do corpo
o multiplicar dos bens através dos negócios;
alguns com um movimento
-ir de cá para lá, a evolução.




A estrela de CINCO pontas no céu e na terra.




Do outro,do DOIS,recordações de dois:
um,a expressão do palco coagulado pelo dinheiro no tempo
outro,dono e dirigente da estrutura,da forma:faz do estético e
do simples, a vida.




Todos em SETE,
no mágico caldeirão do UNO
fazem surgir da vida
mais uma forma de evolução:
a própria de um ser humano
que ama e é ético.






V
(...................)

Um belo par de flores
dentre belas flores aos pares
me observa...me olha....
um olhar escuro, um olhar negro
um olhar triste,um olhar brilhante
bastante vivo, repleto de faíscas.





Um belo par de flores
encravados ao acaso
em uma campina clara,suave
onde a monotonia foi destronada,
por alto monte ponteagudo
ligeiramente arqueado.
Alto monte ponteagudo,
Uma escarpa bastante íngreme,
Correntes de ar perigosas,
Um passo em falso,
Tibum...penetra-se no escuro e no irreconhecível.


Uma ilha seria a resposta
de um curioso em busca de solução para tal enigma.
Ao norte,a vegetação é escassa
a terra nua se cobre lentamente.
Adiante, densa mata,escura,negra
Ao sul, extensa península,
de uma beleza indescritível
ofuscada pela presença de um vulcão
que perfurma o ar
que esquenta o sol
que azeda o mar
que acidifica a chuva
que alimentou um dia a terra.




De leste a oeste
De sudeste a sudoeste
De nordeste a noroeste
Bela campina,
Coberta por sombras de dolorosos cactus
Filhos também da natureza
mãe das mães,
geradora de imensa beleza.




OS OPOSTOS

VI
(.................)


Meses se passaram...
A vida flui como uma torrente de água cristalina

Mil pessoas,
Mil gestos,
Mil coisas.
Todas,agora,sem sentido
Uma vez sentidas no corpo...
Concordo,a alma se ressente
Mas e a evolução?
Não, não há nada estático
Tudo é dinâmico
Dinâmico,de modo tal,
Que se sente a vibração do bem e do mal.

O céu, o inferno
A luz, a escuridão
O amor,o ódio
A paixão,o desamor.

Agora,defronto com pedaços de mim.
Quem sabe um dia...
Em meio a tantos desenganos
Encontre uma alma perdida
Que semeará
Um germe que fará florescer tudo:
Fazendo clarear a escuridão
Que paira sobre minha cabeça e meus ancestrais?
Aí,então,com minha inocência
Brincarei com as estrelas
com a lua
com o meu brilho interior
Consumando,assim, a Divina Vontade.







VII
-Antíteses-


Sinto fora uma leveza
No sol,no ar,no canto dos passarinhos.
Aqui dentro, o peso do lixo existencial,
na busca do nada,
na busca da tranquilidade,
onde a existência sem máscaras parece impossível.





A existência almejada,cheia de liberdade
enquanto a vivida é de um peso brutal
Com dores
Com alegrias
Com vivências
Com cegueira
Com amor
Com desamor...e assim vai...


Os opostos se degladiam dentro de mim
A paz se inquieta
A dor de não se saber para onde ir
Acabo por flutuar...ora sobre um mar revolto...ora sobre o mar sereno.
Por enquanto só observo este balançar:para lá e para cá
E a náusea não falta
Por enquanto, sou observadora e velejo...






VIII
(........................)

Caminho para uma só direção
O marrom e o amarelo existem numa só cor:o branco
O marrom gosta de música
O amarelo gosta do silêncio
Apesar do conflito entre música e silêncio,
No silêncio percebo algo melodioso
Que me penetra ouvidos adentro,
Parece que o universo se comunica
Com cada um de nós através de uma melodia
ÚNICA.




ENCONTROS COM O INCONSCIENTE


IX
- Saudades do mar -




Vazia cheguei
Encontrei pessoas
Nada semelhante,nada conhecido
A não ser o lugar e os objetivos
Caminhei para dentro
E olhei ao meu redor
Começaram-se as interações
Um olhar,uma palavra
Um sorriso. Uma conversa
Conhecimentos.Amores.
Entre um e outro caminhei
Parei de repente
O mar com suas ondas
Levemente me acariciava
Com seus olhos azuis,vivos
Maliciosos,
As espumas das ondas douradas pelo sol
Me abraçavam;
No inicio fugi,tive medo
O mar me aterrorizava
Pressentia algo.Algo que fortemente me machucava
Perguntava-me aonde.
Acordava arranhada,machucada
dolorida...presa a algo
de que fugia,fugia...
Estava escuro.Só a lua até aquele momento era a rainha,
Ao longe a via crescer,crescer
Se tornava luminosa,radiante
Sua luz me envolvia,me enebriava.
De repente,comecei a ouvir o silêncio
Tudo ficou vazio e deserto
Sob a luz da lua, uma réstia de luz no escuro,poderosos tentáculos
Mais uma vez o medo
Já era impossível fugir
Aceitei a violência do mar, cada vez mais revolto
Me entreguei à sua volúpia
Ainda tentei me agarrar às minhas inseguranças
Acabei por me abandonar...
O relógio do tempo fez correr a areia
Os portais foram se abrindo
Minha mente viajou
Não adiantaram os obstáculos,gente, livros
bichos,sorrisos de crianças,plantas,
coisas materiais ou o espiritual.
Me assustei com a semente que germinava dentro de mim
Suas raízes se aprofundavam
Penetravam no imo do meu ser
Me iluminavam e me transformavam
O mar se aquietou
E eu fui envolvida por ele
Agora,doce,suave e integrado a mim.
X
(.......................)
Conhecimento.É claro que travei contigo.Um acordo tácito,talvez
Sinto-te pulsar dentro de mim.Há horas,em que voo contigo para o
Universo,onde nada tem significado.Nada de palpável.Nada de comum com
o já conhecido e convencional.
Pulsações?Me pergunto,às vezes.Entro em transe?Tu brilhas,brilhas
mais do que o que a física chama de luz.Só que não és percebido por meios,que
as ciências que por aqui passaram não conseguiram nem definir e muito menos
explicar ou sentir.
Da vida,extraio sons,luminosidades e vibrações, jamais medidas ou aquilatadas
pelos órgãos sensoriais que me foram dados pela Mãe Natureza.
Sinto que tu provens,também,da Grande Mãe Natureza,Musa da Sapiência Universal, só que manifesto em natureza que chamo de sutil,nesta minha condição humana,aparentemente mais vibrátil.Tu estimulas a desfrutar e negar o meu próprio sentir animal e por milhões de vezes negaria a Eros a vitória, se Tanatos não me convidasse a me mergulhar,mais profundamente,em direção à escuridão do Hades. Eros é a porta para a Eternidade,plena de Luz.
Agora és Presente.Bem dentro de mim,sinto o Seu Pulsar,semelhante a um grito pungente neste insondável poço,meu próprio imo, a que dou um nome,não sei se adequado:Amor.
XI
- A Rebelião-
"Se entregar às forças.não conscientes
Cumprir um caminho traçado,cuja direção não entendo".
Isto me soa a teoria,ainda.
Não consigo me aquietar meu coração e te ouvir,Mãe Natureza.
A luta se trava no meu íntimo
A minha vontade interna se nega a aceitar este caminho.
Há uma rebelião como um mar em fúria
Querendo arrebentar e destruir tudo
Percebo,então, uma completa desconexão comigo e com a Mãe Natureza.
Falta-me a humildade para aceitar o que me mostras
A dor me dilacera internamente
A fúria toma conta de mim.
Preciso apascentar estas feras
Com as mãos vazias e o nada fazer.
Ainda luto com as tuas Leis.
A dor aumenta a cada segundo,
embora,saiba que ela é a grande facilitadora no meu processo de caminhar.
Não adianta lutar, a luta ,cada vez mais, traz mais dor;
preciso aceitar o efeito purificador da dor.
Não há como forjar um bom aço,sem fogo
e nem lapidar gemas,sem esmeril:
só assim serei vera jóia.
XII
(........................)
O Sol surge,
Faz resplandecer a alma
O meu ser rodopia
Num vórtice com tal velocidade
Que de tão estonteante,
Rompe correntes,
Explode pedras,
E como um Potente Vulcão de Luz
Ilumina o Tudo.
O Infinito ouve o Canto deste movimento;
Surgem sereias, o mar enlouquece
Bate com fúria nas pedras,
Que se transformam em areia,
Desaparecem as caudas das sereias,que repousavam nela.
De repente,tudo se aquieta
O tudo se transforma em nada...
O grande vazio...
E só o Sol por testemunha...
...aquecendo.




FIM



..........................

INTERMEZZO ....

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

ARISTÓTELES E O SILOGISMO

Aristóteles iniciou o estudo orgânico das regras básicas das regras da lógica,fixou com grande exatidão as regras da argumentação dedutiva,na forma do silogismo.


As oito regras do silogismo são:


1-Os termos devem ser apenas três;


2-Os termos devem ter a mesma extensão nas premissas e na conclusão;


3-O t.médio não deve ser incluído na coonclusão;


4-O t. médio deve ser tomado,ao menos uma vez,em toda sua extensão;


5-Duas premissas negativas não dão nenhuma conclusão;


6-De duas premissas afirmativas decorre necessariamente uma conclusão afirmativa;


7-Duas premissas particulares não dão nenhuma conclusão;


8-A conclusão acompanha sempre a parte mais débil,ou seja, se uma premissa é negativa decorre a conclusão negativa;se uma premissa é particular a conclusão será particular.
A proposição é um discurso declarativo que declara ou enuncia verbalmente o que foi pensado e relacionado pelo juízo.A proposição reúne ou separa verbalmente o que o juízo reuniu ou separou mentalmente.

O Silogismo consta de três proposições,das quais, as duas primeiras são chamadas "premissas" e a terceira "conclusão".

As três proposições são apenas construídas apenas com três termos, denominados:"médio", "maior" e "menor".O termo "médio" é o que aparece duas vezes nas premissas,mas não na conclusão.Os termos "maior" e "menor" figuram tanto nas premissas quanto na conclusão. O "maior" é aquele que percorre a premissa maior e o menor o que percorre a menor.

Por exemplo:No silogismo:"Todos os homens são racionais"

"Aristóteles é racional";

logo,"Aristóteles é homem"-

.o termo médio é "homem";

.o termo maior é "racional";

.o termo menor é Aristóteles.



Conforme a posição do termo médio nas premissas, atribuem-se ao silogismo quatro figuras principais:

a-1ª figura-ocorre quando o termo médio é sujeito da maior e predicado da

menor.



b-2ªfigura-quando o termo médio é predicado em ambas as premissas.



c-3ªfigura-quando o termo médio é sujeito é sujeito em ambas as premissas.



d-4ªfigura-Quando o termo médio é predicado na maior e sujeito na menor.



Isto compõe as chamadas: argumentação dedutiva e procedimento indutivo ou indução.

Indução ocorre quando uma proposição universal é inferida de dois grupos de proposições singulares como em:
a-o ferro é metal
b-o cobre é metal
c-o bronze é metal;(de a,b,c:a enumeração dos casos não pode ser completa)
Com o acréscimo de d-Os metais são bons condutores de eletricidade(aqui apreende-se a razão do fenômeno:"o metal é a razão da boa condutibilidade."

A importãncia do silogismo:"Aristóteles elaborou uma teoria do raciocínio por inferência"Inferir é tirar uma proposição como conclusão de uma outra ou de Ovárias outras proposições que a antecedem e são sua explicação ou sua causa.O raciocínio é uma operação do pensamento realizada por meio de juízos e enunciada linguística e logicamente pelas proposições encadeadas,formando um silogismo.Raciocínio e silogismo são operações mediatas de conhecimento,pois a inferência significa que só conhecemos alguma coisa(a conclusão da lógica,pois é a teoria das demonstrações ou das provas,da qual depende o pensamento científico e filosófico."

OBS:O aristotelismo da Renascença teve uma sorte feliz no campo da estética,desenvolvendo criticamente a doutrina da ´Poética de Aristóteles e divide-se em duas correntes: a naturalista,inspirando-se em Alexandre de Afrodisia e a panteísta,inspirando-se em Averroés.Ambas contrárias à interpretação tomista,cristã.

CITAÇÕES:

"natureza de um objeto é o produto final do processo de aperfeiçoamento desse objeto."

"A familia é a associação estabelecida por natureza para suprir as necessidades diárias dos homens e seus membros."

"o Estado é composto de famílias, antes de falar do Estado devemos falar da administração de uma família."

"A propriedade é parte de uma família e a aquisição de uma propriedade, parte da arte de dirigir uma família..."

"uma criatura viva consiste em primeiro lugar, de alma e corpo,e destes dois elementos;o primeiro é por natureza:o governante e o segundo, o governado."

"O silogismo é um razoamento em que dadas certas premissas, se extrai uma conclusão consequente e necessária, através das premissas dadas; o elenco é um silogismo acompanhado de contradição da conclusão."

"Há silogismos e elencos aparentes e falsos".

"A Sofística é uma sabedoria aparente e não real"

"O que os Sofistas preferem é, com efeito, parecer que refutam a outra parte; a seguir,mostrar que o opositor comete um erro qualquer,em terceiro lugar, induzi-lo ao paradoxo;em quarto lugar,reduzi-lo ao solecismo,quer dizer, obrigar o opositor,em virtude do seu próprio argumento, a usar de expressões incorretas;e, mas só por fim,levá-lo a repetir a mesma palavra uma e outra vez."

"Designo por elenco sofístico e por silogismo sofístico não apenas um silogismo ou um elenco que aparentam sê-lo,mas ainda o que, mesmo sendo-o deveras, só por aparência se ajusta ao sujeito de que trata."

"O objeto próprio da crítica são os silogismos que nem refutam nem demonstram a ignorância dos opositores,acerca do sujeito em debate."

"A crítica é uma parte da dialética."

"A Dialética procede por interrogações,enquanto,se demonstrasse, a interrogação se aplicaria,senão a tudo, pelo menos às noções primeiras e aos princípios peculiares à questão,porque, supondo que o respondente não as aceite, ela não teria nenhum fundamento para uma alongada discussão contra a objeção do opositor."

"A Dialética é ao mesmo tempo uma crítica,sendo uma disciplina que se pode conhecer,mesmo sem possuir a arte."

"...o que critica através da arte silogística é um dialético."

"Quase todos os solecismos aparentes provêm da palavra "isto" e também de quanto a inflexão não exprime nem o masculino nem o feminino mas o neutro."

O PROBLEMA DO MOVIMENTO,SEGUNDO ARISTÓTELES

"Ser não é apenas o que já existe,em ato;ser é também o que pode ser, a virtualidade,a potência....O movimento,segundo a teoria de Aristóteles,é a passagem da potência ao ato..."

"Mas Aristóteles não aceita a doutrina do transformismo universal,de pensadores pré - socráticos que apresentava todo o universo como animado por uma transformação contínua,por um único fluxo que interligava as várias espécies num mesmo processo evolutivo."

"Dentro da metafísica aristotélica, a doutrina do ato-potência acha-se estreitamente vinculada a determinada concepção de causalidade.Para Aristóteles o movimento existe circunscrito à substância que,cada qual,atualiza suas respectivas e limitadas potências:o movimento dura enquanto dura a virtualidade do ser,de cada ser, de cada natureza,cessando quando o ser expande suas potenciallidades e se atualiza plenamente"

"Para Aristóteles,causa é tudo que contribui para a realidade de um ser:é tanto a causa material (aquilo de que uma coisa é feita:o mármore de que é feita a estátua) quanto a causa formal(que define o objeto,distinguindo-o dos demais:estátua de homem,não de cavalo),como também a causa final(a idéia da estátua,existente como projeto na mente do escultor,e que o levou a talhar o bloco de mármore para dele fazer uma estátua de homem),como ainda a causa eficiente (o agente,no caso o escultor,aquele que faz o objeto,atualizando potencialidades de determinada matéria)A causa formal está intimamente ligada à final,pois seria sempre em vista de um fim que os seres(naturais ou artefeitos) são criados e se transformam: a finalidade é que determinaria o que os seres são ou vêm a ser."

"Concebe todo o universo como regido pela finalidade e torna os vários movimentos (atualiações das virtualidades de diferentes naturezas)independentes,sem fundi-los,todavia na continuidade de um único fluxo universal."

"Cada ser atualizaria suas virtualidades devido à ação de outro ser que,possuindo-as em ato,funcioona como motor daquela transformação."enos

"Haveria uma ação encadeada e hierarquizada dos vários motores, o mais atualizado,movimentando o menos atualizado."

"...o universo seria finito-num primeiro motor,este imóvel (para ser o primeiro), e que Aristóteles chama de Deus.Ato´puro,pois do contrário,se moveria...a matéria é a sede das potências-esse primeiro motor imóvel existiria como pensamento auto-contemplativo:como "um pensamento que se pensa a si próprio."

LÓGICA

Lógica é a ciência que estuda "o pensado enquanto pensado":estuda um objeto de pensamento(o pensado) enquanto objeto de pensamento(enquanto pensado) e não enquanto representação desta ou daquela coisa.

A lógica divide-se em três grandes ramos: lógica formal
lógica transcendental e
lógica matemática.
A lógica formal tem interesse pelas características das idéias e não seus
conteúdos.(elaborada por Aristóteles, aprofundada por Bacon)

A lógica trancendental trata da validade de nossos pensamentos:as condições às
quais eles devem sua possibilidade e verdade,e por isso,do modo peculiar de
ser do pensado enquanto pensado(elaborado por Kant)

A lógica matemática estabelece um conjunto de regras sobre as relações de certos termos entre si e depois procura determinar qual discurso seria possível,uma vez aceito tal conjunto de regras.Tal lógica é construída como um puro cálculo:sistema axiomático,com dedução de teoremas de poucos axiomas (enunciados primitivos válidos)-desenvolvida por Frege,Peano,Whitehead,Russel;Carnap,Quin,Church.