terça-feira, 24 de agosto de 2010

ELOGIO AO DELÍRIO-em prosa e verso

OBSERVAÇÃO:COLETÂNEA DE ESCRITOS, ENTREGUE E COMPARTILHADA,COMO EXIGÊNCIA DO TÉRMINO DE CURSO F.H.B.III, NA UNIPAZ,CAMPUS BRASÍLIA


DE:JERSEY MERRY W. DE MENDONÇA

-AOS QUE SE PERMITEM DELIRAR
-AOS QUE FICARAM PRESOS EM ALGUMA FASE DO SEU DESENVOLVIMENTO
PESSOAL
-AOS QUE ACREDITAM NA TRANSFORMAÇÃO DO SER
-AOS QUE ACREDITAM NO PROCESSO EVOLUTIVO
-AOS QUE ACREDITAM NA CURA


I


Ria.É carnaval
Tempo de ilusões
Falsa Alegria
Fantasias aos milhões:
Por fora,palhaço
Dentro chora, pierrô sem colombina.



Mulata-carnaval
Desnuda e mostra teu corpo
alucinante,às vezes,até brillhante,
deixa o povo que te aprecia
sair do mundo da ironia
e cair no da alegria.



Ao som de um samba
D'um mestre que é bamba
Seu corpo balança
E não se cansa
Sob o efeito de uma cana
Ganha numa gincana
P'ra arrecadar grana
Para Escola de Samba.








GENTE


II
-Família



Início da vida social:
na família.
Pequeno agrupamento
Que faz crescer conceitos
Dentro da gente.
Com ele,crescem também as censuras,
A repressão,
Não se consegue mais pensar por si próprio
Nem mesmo andar,pois o equilíbrio foi adulterado,
E a pobre da naturalidade,esquecida.




Os anos passam,
A consciência é aguçada
A inteligência cresce,
Vê-se melhor
Defronta-se com outros objetos,outros seres,outros e outras...
Ama-se. Odeia-se.
Passamos a ser donos de todos os sentimentos
Afastamos alguns,
Nos agarramos em outros.
Aquele pequeno agrupamento,tão valorizado pela igreja,
se enche de pó e bolor,
é corroído pela ferrugem,
nos trava,nos acorrenta,
E por mais alto que se peça, aos gritos
com sangue
com lágrimas;

Continua-se carregando o imperialismo que se viveu no ontem
E perpetua-se no agora,
Criamos neuroses,
Ficamos cegos, míopes,daltônicos
o palco está aceso,as cortinas abertas e nós no palco da vida.




Um dia,vislumbra-se a liberdade:
Deglagra-se a guerra;
Ao fim:ou a ruptura do modelo,do papel e mais uma borboleta voa
ou o mesmo...mesmo...mesmo....a mesmice...o mesmo...o mesmo................................






III

-Amiga-



Só.Perdida em sonhos.
Ilusões te povoam
Poucos se encaixam em tua pele
Escorrem por entre teus dedos.




Tu.Amas a vida,transcendes a morte.
Gostas de estruturas céreas
Brancas em meio à neve,
Felizes em meio a espinhos,
Perdidas no escuro,
Que tateiam o sim e o não.




Vai,caminha, pergunta a ti mesma,
ao sol,à chuva,à terra
se querem te dar fecundidade
Para gerar grãos de trigo,para fazeres pães
Para do nada surgir a imensidão
Para dos rios formarem-se oceanos.



Navega.Sem se deixar levar e naufragar
Leva contigo velas e remos,tripulantes.
Não te deixes abater pela falta do amor
do pai
da mãe, da família em geral.




Vai, amamenta o futuro,
Faze crescer o trigo,
Cuida para que o limoeiro floresça,
Dá vida à cêra
Ilumina o teu entorno.
Brilha pequena estrela-serás de primeira grandeza
Afasta de ti as nuvens que te encobrem
Digna-te a brilhar,
Brilha...





IV
(...............)


O UM se desdobrou em DOIS
DOIS se uniram para crescerem e decrescerem.
Se fez noite e dia
Que aquecia e esfriava a terra,
os opostos com seus derivados se uniram
e a Criatividade no seu fluxo trouxe o Caminho.




Do UM derivou o CINCO na lembrança:
o talhar na madeira
a arte através da plasticidade do corpo
o multiplicar dos bens através dos negócios;
alguns com um movimento
-ir de cá para lá, a evolução.




A estrela de CINCO pontas no céu e na terra.




Do outro,do DOIS,recordações de dois:
um,a expressão do palco coagulado pelo dinheiro no tempo
outro,dono e dirigente da estrutura,da forma:faz do estético e
do simples, a vida.




Todos em SETE,
no mágico caldeirão do UNO
fazem surgir da vida
mais uma forma de evolução:
a própria de um ser humano
que ama e é ético.






V
(...................)

Um belo par de flores
dentre belas flores aos pares
me observa...me olha....
um olhar escuro, um olhar negro
um olhar triste,um olhar brilhante
bastante vivo, repleto de faíscas.





Um belo par de flores
encravados ao acaso
em uma campina clara,suave
onde a monotonia foi destronada,
por alto monte ponteagudo
ligeiramente arqueado.
Alto monte ponteagudo,
Uma escarpa bastante íngreme,
Correntes de ar perigosas,
Um passo em falso,
Tibum...penetra-se no escuro e no irreconhecível.


Uma ilha seria a resposta
de um curioso em busca de solução para tal enigma.
Ao norte,a vegetação é escassa
a terra nua se cobre lentamente.
Adiante, densa mata,escura,negra
Ao sul, extensa península,
de uma beleza indescritível
ofuscada pela presença de um vulcão
que perfurma o ar
que esquenta o sol
que azeda o mar
que acidifica a chuva
que alimentou um dia a terra.




De leste a oeste
De sudeste a sudoeste
De nordeste a noroeste
Bela campina,
Coberta por sombras de dolorosos cactus
Filhos também da natureza
mãe das mães,
geradora de imensa beleza.




OS OPOSTOS

VI
(.................)


Meses se passaram...
A vida flui como uma torrente de água cristalina

Mil pessoas,
Mil gestos,
Mil coisas.
Todas,agora,sem sentido
Uma vez sentidas no corpo...
Concordo,a alma se ressente
Mas e a evolução?
Não, não há nada estático
Tudo é dinâmico
Dinâmico,de modo tal,
Que se sente a vibração do bem e do mal.

O céu, o inferno
A luz, a escuridão
O amor,o ódio
A paixão,o desamor.

Agora,defronto com pedaços de mim.
Quem sabe um dia...
Em meio a tantos desenganos
Encontre uma alma perdida
Que semeará
Um germe que fará florescer tudo:
Fazendo clarear a escuridão
Que paira sobre minha cabeça e meus ancestrais?
Aí,então,com minha inocência
Brincarei com as estrelas
com a lua
com o meu brilho interior
Consumando,assim, a Divina Vontade.







VII
-Antíteses-


Sinto fora uma leveza
No sol,no ar,no canto dos passarinhos.
Aqui dentro, o peso do lixo existencial,
na busca do nada,
na busca da tranquilidade,
onde a existência sem máscaras parece impossível.





A existência almejada,cheia de liberdade
enquanto a vivida é de um peso brutal
Com dores
Com alegrias
Com vivências
Com cegueira
Com amor
Com desamor...e assim vai...


Os opostos se degladiam dentro de mim
A paz se inquieta
A dor de não se saber para onde ir
Acabo por flutuar...ora sobre um mar revolto...ora sobre o mar sereno.
Por enquanto só observo este balançar:para lá e para cá
E a náusea não falta
Por enquanto, sou observadora e velejo...






VIII
(........................)

Caminho para uma só direção
O marrom e o amarelo existem numa só cor:o branco
O marrom gosta de música
O amarelo gosta do silêncio
Apesar do conflito entre música e silêncio,
No silêncio percebo algo melodioso
Que me penetra ouvidos adentro,
Parece que o universo se comunica
Com cada um de nós através de uma melodia
ÚNICA.




ENCONTROS COM O INCONSCIENTE


IX
- Saudades do mar -




Vazia cheguei
Encontrei pessoas
Nada semelhante,nada conhecido
A não ser o lugar e os objetivos
Caminhei para dentro
E olhei ao meu redor
Começaram-se as interações
Um olhar,uma palavra
Um sorriso. Uma conversa
Conhecimentos.Amores.
Entre um e outro caminhei
Parei de repente
O mar com suas ondas
Levemente me acariciava
Com seus olhos azuis,vivos
Maliciosos,
As espumas das ondas douradas pelo sol
Me abraçavam;
No inicio fugi,tive medo
O mar me aterrorizava
Pressentia algo.Algo que fortemente me machucava
Perguntava-me aonde.
Acordava arranhada,machucada
dolorida...presa a algo
de que fugia,fugia...
Estava escuro.Só a lua até aquele momento era a rainha,
Ao longe a via crescer,crescer
Se tornava luminosa,radiante
Sua luz me envolvia,me enebriava.
De repente,comecei a ouvir o silêncio
Tudo ficou vazio e deserto
Sob a luz da lua, uma réstia de luz no escuro,poderosos tentáculos
Mais uma vez o medo
Já era impossível fugir
Aceitei a violência do mar, cada vez mais revolto
Me entreguei à sua volúpia
Ainda tentei me agarrar às minhas inseguranças
Acabei por me abandonar...
O relógio do tempo fez correr a areia
Os portais foram se abrindo
Minha mente viajou
Não adiantaram os obstáculos,gente, livros
bichos,sorrisos de crianças,plantas,
coisas materiais ou o espiritual.
Me assustei com a semente que germinava dentro de mim
Suas raízes se aprofundavam
Penetravam no imo do meu ser
Me iluminavam e me transformavam
O mar se aquietou
E eu fui envolvida por ele
Agora,doce,suave e integrado a mim.
X
(.......................)
Conhecimento.É claro que travei contigo.Um acordo tácito,talvez
Sinto-te pulsar dentro de mim.Há horas,em que voo contigo para o
Universo,onde nada tem significado.Nada de palpável.Nada de comum com
o já conhecido e convencional.
Pulsações?Me pergunto,às vezes.Entro em transe?Tu brilhas,brilhas
mais do que o que a física chama de luz.Só que não és percebido por meios,que
as ciências que por aqui passaram não conseguiram nem definir e muito menos
explicar ou sentir.
Da vida,extraio sons,luminosidades e vibrações, jamais medidas ou aquilatadas
pelos órgãos sensoriais que me foram dados pela Mãe Natureza.
Sinto que tu provens,também,da Grande Mãe Natureza,Musa da Sapiência Universal, só que manifesto em natureza que chamo de sutil,nesta minha condição humana,aparentemente mais vibrátil.Tu estimulas a desfrutar e negar o meu próprio sentir animal e por milhões de vezes negaria a Eros a vitória, se Tanatos não me convidasse a me mergulhar,mais profundamente,em direção à escuridão do Hades. Eros é a porta para a Eternidade,plena de Luz.
Agora és Presente.Bem dentro de mim,sinto o Seu Pulsar,semelhante a um grito pungente neste insondável poço,meu próprio imo, a que dou um nome,não sei se adequado:Amor.
XI
- A Rebelião-
"Se entregar às forças.não conscientes
Cumprir um caminho traçado,cuja direção não entendo".
Isto me soa a teoria,ainda.
Não consigo me aquietar meu coração e te ouvir,Mãe Natureza.
A luta se trava no meu íntimo
A minha vontade interna se nega a aceitar este caminho.
Há uma rebelião como um mar em fúria
Querendo arrebentar e destruir tudo
Percebo,então, uma completa desconexão comigo e com a Mãe Natureza.
Falta-me a humildade para aceitar o que me mostras
A dor me dilacera internamente
A fúria toma conta de mim.
Preciso apascentar estas feras
Com as mãos vazias e o nada fazer.
Ainda luto com as tuas Leis.
A dor aumenta a cada segundo,
embora,saiba que ela é a grande facilitadora no meu processo de caminhar.
Não adianta lutar, a luta ,cada vez mais, traz mais dor;
preciso aceitar o efeito purificador da dor.
Não há como forjar um bom aço,sem fogo
e nem lapidar gemas,sem esmeril:
só assim serei vera jóia.
XII
(........................)
O Sol surge,
Faz resplandecer a alma
O meu ser rodopia
Num vórtice com tal velocidade
Que de tão estonteante,
Rompe correntes,
Explode pedras,
E como um Potente Vulcão de Luz
Ilumina o Tudo.
O Infinito ouve o Canto deste movimento;
Surgem sereias, o mar enlouquece
Bate com fúria nas pedras,
Que se transformam em areia,
Desaparecem as caudas das sereias,que repousavam nela.
De repente,tudo se aquieta
O tudo se transforma em nada...
O grande vazio...
E só o Sol por testemunha...
...aquecendo.




FIM



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