sábado, 2 de outubro de 2010

DISTRAÍDOS VENCEREMOS-DE LEMINSKI-ALGUNS POEMAS

MINIFESTO

ave a raiva desta noite
a baita lasca fúria abrupta
louca besta vaca solta
ruiva luz que contra o dia
tanto e tarde madrugastes



morra a calma desta tarde
morra em ouro
enfim,mais seda
a morte,essa fraude,
quando próspera




viva e morra sobretudo
este dia ,metal vil,
surdo,cego e mudo,
nele tudo foi e,se ser foi tudo,
já nem sei
se vai saber a primavera
ou se um dia saberei
que nem eu saber nem ser nem era




Vim pelo caminho difícil
a linha que nunca termina,
a linha bate na pedra,
a palavra quebra uma esquina,
mínima linha vazia,
a linha,uma vida inteira,
palavra ,palavra minha.







NOMES A MENOS


Nome mais nome igual a nome,
uns nomes menos,uns nomes mais.
Menos é mais ou menos,
nem todos os nomes são iguais.




Uma coisa é a coisa,par ou impar,
outra coisa é o nome, par e par,
retrato da coisa quando límpida,
coisa que as coisas deixam ao passar.



Nome de bicho,nome de mês, nome de estrela,
nome dos meus amores,nomes animais,
a soma de todos os nomes,
nunca vai dar uma coisa,nunca mais.



Cidades passam.Só os nomes vão ficar.
Que coisa dói dentro do nome
que não tem nome que conte
nem coisa pra se contar?





BEM NO FUMDO

no fundo,no fundo
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por xtintoa partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela-silêncio perpétuo




extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar para trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais




mas problemas não se resolvem,
problemas têm familia grande,
e aos domingos saem todos passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas






DIVERSONAGENS SUSPENSAS

Meu verso, temo,vem do berço
Não versejo porque eu quero,
versejo quando converso
e converso por conversar.
Pra que sirvo senão pra isto,
pra ser vinte e pra ser visto,
pra ser versa e pra ser vice,
pra ser a super-superfície
onde o verbo vem ser mais?




Não sirvo pra observar.
Verso,perverso e conservo,
um susto de quem se perde
no exato lugar onde está




Onde estará memeu verso?
Em algum lugar de um lugar,
onde o avesso do inverso
começa a ver e ficar.
Por mais prosas que eu perverta,
não permita Deus que eu perca
meu jeito de versejar.






POESIA:1970


Tudo o que eu faço
alguém em mim que eu desprezo
sempre acha o máximo.



Mal rabisco
não dá mais para mudar nada.
Já é um clássico.





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